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A atenção infantil e a escola.

     Para Dias da Costa (2015), é necessária "a compreensão da infância como um período crítico para o desenvolvimento do sistema nervoso, onde a formação de conexões e redes neurais ocorrem de forma acentuada, exigindo estímulos adequados para que isso ocorra."

Para Vigotsky e Luria (1996), o desenvolvimento infantil é produto da relação complementar entre os processos biológicos de amadurecimento e crescimento e os processos de interação no ambiente cultural. Além disso, esse entrelaçamento dá origem às funções superiores, dentre elas está a atenção.

     A atenção infantil é orientada e dirigida quase exclusivamente pelo interesse, e por isso a causa natural da distração da criança é sempre a falta de coincidência de duas linhas na questão pedagógica: do interesse propriamente dito e daquelas ocupações que são propostas como obrigatórias. (VIGOTSKI, 2001, p. 162) 

    É necessário ao desenvolvimento da atenção condições culturais e sociais que possibilitem experiências, de preferência lúdicas e imaginativas, que mobilizem o pensamento, os sentidos e movimentos, cultivando a atenção a si mesmo e ao outro, assim como aos espaços e emoções de cada um.

As brincadeiras espontâneas ou conduzidas, com seus jogos simbólicos e imaginativos, podem mobilizar a atenção em diferentes níveis: físicos, emocionais e mentais, envolvendo dimensões do eu, do outro e do mundo. (RIBEIRO e FERREIRA, 2014).       

     Ao professor cabe a escolha de recursos complementares para expandir as capacidades mentais, como a atenção, a memória e a percepção. Com crianças pequenas, os recursos abrangem materiais tangíveis, como o uso dos dedos para fazer contas matemáticas, assim como figuras de objetos e listas.

     Carvalho e Abreu (2014) afirmam que os currículos escolares devem abordar ´´tarefas lúdicas e motivadoras, histórias e narrativas, adaptação de jogos infantis conhecidos, sistematização de tarefas de organização e planejamento, estratégias de autorregulação e conhecimento emocional``, que se tratam de um conjunto de tarefas efetivas e de viável aplicação ao professor. Também são sugeridos jogos que trabalhem com a troca entre uma regra e outra, com ambiguidades e classificação, jogos de soletrar e de operação matemáticas e também atividades  para selecionar informações relevantes (mímica, por exemplo) e problematizações que gerem mais de uma resposta.

     É válido ressaltar a necessidade de atividades que usem os sentidos e que alternem ações, formas, cores, sons, movimentos, assim como a contextualização do conteúdo aprendido, de forma que o aluno compreenda sua relevância.

     Por fim, o ambiente escolar deve ser estimulante e agradável, de forma que minimize estímulos distratores e permita a flexibilização dos recursos didáticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


  • BOLFER, C.P.M. Avaliação neuropsicológica das funções executivas e da atenção em crianças com Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). 2009. 123f. Dissertação (Mestrado em Ciência). Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

  • CARVALHO, C.; Abreu, N. Estimulando Funções Executivas em sala de aula: p programa heróis da mente. I Seminário Tecnologias Aplicadas a Educação e Saúde, out. 2014. UNEB, Campus I, Salvador-BA.

  • DIAS DA COSTA, Sandra Regina.. Diálogo entre neurociências e a perspectiva histórico-cultural : as funções executivas na educação infantil, 2015. 201 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2015. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/305009> Acesso em 20 de out. 2018.

  • FREITAS, Cláudia Rodrigues de; BAPTISTA, Claudio Roberto. A Atenção, A Infância e os Contextos Educacionais. Psicol. Soc.,  Belo Horizonte ,  v. 29,   2017. Disponível em:   <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822017000100205&lng=en&nrm=iso> Acesso em  21  out.  2018.  

  • RIBEIRO, Regina Buccini Pio; FERREIRA, Aurino Lima. O cultivo da atenção: uma experiencia com crianças de 4 e 5 anos. Psicol. educ.,  São Paulo ,  n. 39, p. 89-105, dez.  2014 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752014000200008&lng=pt&nrm=iso> Acesso em  21  out.  2018.



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